Editorial

Hora de repensar

Não é de hoje que a questão dos transportes por tração animal são debatidas com afinco. Por um lado, o argumento bastante válido da exploração dos cavalos, muitas vezes sob condições péssimas, bem como os impactos significativos no trânsito e na mobilidade das cidades. Muitas, sob essa base, já inclusive baniram esse tipo de transporte. Por outro lado, não há como esquecer a questão de que esse tipo de situação envolve um contexto familiar e de sobrevivência para muitos freteiros, catadores, feirantes e tudo mais.

O acidente da manhã de quinta-feira em Pelotas, naturalmente, reacendeu essa discussão. O condutor da charrete entrou na contramão e gerou a colisão que resultou na morte de um motociclista. Com duas vereadoras, Marisa Schwarzer (PSDB) e Cristina Oliveira (PSB) tendo a causa animal como principal fator de seus mandatos, até surpreende o tema não ter tido maior discussão no Legislativo. Até se levantou a questão vez ou outra, mas nada sólido. Pelotas está atrás de muitas cidades nessa discussão.

Um exemplo positivo está aqui dentro do Estado, em Esteio, que proibiu esse tipo de transporte em 2021. O Município não simplesmente proibiu: buscou identificar o contexto dos charreteiros cadastrados e de suas famílias e hoje oferece um auxílio financeiro com intenção de permitir a aquisição de equipamentos, ferramentas ou insumos para o início de uma nova atividade econômica.

Por aqui, pelo menos desde 2017 se discute um formato de veículo elétrico ou de propulsão humana, em parceria com IFSul e UFPel, para modificar o trabalho de catadores. Ainda assim, só ficou na teoria. Até agora nada mudou, nenhuma solução prática foi aplicada e de tempos em tempos o tema volta. Tanto o Poder Público, quanto as instituições de ensino ou até mesmo a iniciativa privada poderiam pensar em soluções, através de propostas efetivas e de apoio financeiro. Talvez através da publicidade ou de outros incentivos que o poder público possa oferecer, alguma empresa adote essa ideia e haja a substituição da charrete por versões mais tecnológicas e que não afetem diretamente a vida dessas pessoas.

Independente da forma, esse debate precisa ocorrer. Soluções se encontram com conversa envolvendo todas as partes, principalmente, nesse caso, os trabalhadores.


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